segunda-feira, 20 de agosto de 2012

EXISTE UM MOVER ATUAL?

Amados, cremos que o mover de Deus possui dois aspectos, o individual e o coletivo. individualmente, o "mover atual" de Deus é Cristo vivendo e se movendo em nós e através de nós HOJE, através do Espírito Santo que habita em nossos corações! Não há nada mais precioso e prazeroso do que esse mover atual diário, quando nossas mentes, vontades e emoções são levadas a desfrutar de toda a riqueza que há no rio da água da vida que flui do trono de Deus e do Cordeiro.

Precisamos, como crianças, nos entregar confiadamente ao Senhor e nos deixar levar pelo maravilhoso fluir desse rio. Nesse rio nos libertamos das nossas próprias convicções e aprendemos a confiar cada vez mais  no direcionamento de Deus.Estranhamos a princípio - quem já experimentou ser levado pela correnteza de um rio sabe exatamente a sensação de insegurança que dá. Todavia, esse não é um rio qualquer, ele flui de Deus e nos conduzirá diretamente para Ele. Não há métodos ou técnicas para isso, a confiança e a entrega é um dom que já nos foi dado gratuitamente, em Cristo, pelo Espírito. Precisamos, portanto, tomar posse desse dom e buscar uma relação de maior confiança e intimidade com nosso Pai Eterno, em Cristo Jesus. Estabelecendo um elo de confiança e crescente, confidenciando e abrindo cada vez mais as portas do nosso coração, Ele reinará soberanamente em nossas vidas, famílias, escola, trabalho e em nosso igrejar. Esse é o mover que sacia as necessidades mais profundas do nosso coração, que nos trás a paz, que nos completa, nos realiza e dá sentido á nossa vida. É disso que desesperadamente precisamos! Esse é o mover que nos une e nos conecta profundamente com a vontade de Deus e com a unidade do maravilhoso Corpo de Cristo. É esse mover que nos faz viver diariamente mergulhados nEle, por Ele e para Ele, hoje e eternamente, aleluia!

Coletivamente o mover do Senhor é sempre atual (nosso Deus é sempre novo!),  Ele movimenta vários irmãos (apóstolos, profetas, pastores, mestres etc) SIMULTANEAMENTE em uma mesma época para levar a cabo a Sua vontade.
Na Bíblia, percebemos que isso ocorria na igreja em Corinto. Ela era suprida
simultaneamente por, pelo menos, três apóstolos (Pedro, Paulo e Apolo), cada um com a sua porção. Se a igreja dos coríntios estava tão bem suprida com a Palavra de Cristo e com os dons do Espírito (1Co 1:4,7), por que então havia divisões em seu meio? Podemos rapidamente levantar vários motivos, tais como:
A excessiva ênfase e desejo de obter dons espirituais (1Co 14:12), a falta de amor (1Co 13), a imaturidade e carnalidade (1 Co 1:12, 3:2-3), a idolatria (1Co 8,1-7, 12:1-2), ir além do que está escrito (1Co 4:6). Entretanto, queremos destacar um motivo divisivo pouco explorado: A ênfase no nome dos apóstolos (1 Co 1:12, 3:4).
Quando o nome de outro homem, que não seja o do Senhor Jesus, começa a se destacar na igreja, surgem preferências e divisões. Sabemos que, por um lado, a maturidade da igreja consiste em não se deixar levar pelo falar humano e sim pelo discernimento das Palavras de vida que as pessoas estiverem transmitindo. Por outro lado, o apóstolo também deve estar maduro. Ele deve ser capaz de negar a si mesmo para levar sua obra adiante. Esse negar implica em negar o seu próprio nome, que é a expressão mais profunda do seu ego (da pessoa do seu próprio ser).

A história insistentemente tem nos mostrado que, quanto maior for a revelação e a obra do apóstolo, maiores são as chances dele ser idolatrado por causa de tais revelações e realizações. A revelação vai lentamente sendo preterida em lugar da Palavra do Senhor e as obras humanas vão se misturando e ganhando terreno sobre os frutos do Espírito. O falar do mensageiro vai ganhando cada vez mais peso ao lado das Palavras do Senhor. Com o tempo, a mensagem e a própria pessoa do enviado vão sutilmente ocupando grandes áreas em nosso (extremamente corrupto e idólatra) coração. Com o tempo, passamos lentamente a considerar o um dos enviados (apóstolo) mais iluminado, esclarecido e capaz do que os outros. Passamos até mesmo a considerar como indignas as nossas próprias porções de revelação que recebemos diretamente do Senhor para edificar a igreja em nossa cidade. Também nos acostumamos rapidamente com um determinado modo de falar, com um certo tom de voz e passamos a estranhar tudo o que é diferente. Por fim, vestimos a camisa do nosso líder e passamos então a justificar e a defender, sem o devido cuidado, tudo o que ele diz e faz.

A confiança nas boas obras da carne (principalmente a nossa) diminui nossa confiança no Todo Poderoso e obscurecendo tremendamente nosso discernimento espiritual e reduzindo drasticamente a nossa capacidade de ouvir o Senhor para que possamos segui-Lo.  Infelizmente, é o que está ocorrendo em muitos grupos cristãos espalhados pelo mundo. Ovelhas ensurdecidas pelo barulho espalhafatoso dos shows da fé  ficam impedidas de seguir o fluir da voz do Mestre e se tornam cada vez mais dependentes de lideranças e idéias humanas. Na medida em que decresce a nossa capacidade de se mover no fluir da vida divina, cresce a necessidade de organização e planejamento humanos. Nesse contexto é quase inevitável a valorização e a exaltação da liderança humana. Os "peixes", fora do rio divino e sedentos de Cristo, são facilmente aprisionados em redes lançadas por homens espiritualmente sedutores e a segurança de seus grupos.

Com o tempo, a dependência de tal liderança é tamanha que os filhos de Deus passam a crer que eles tais homens são os únicos, ou em casos mais moderados, os melhores representantes de Deus no planeta. Para sustentar esta crença inventa-se algo do tipo "mover atual", como uma sinistra tentativa de justificar a presunção laodicéiana de que apenas um determinado grupo de crentes detém as melhores, mais profundas e maiores riquezas espirituais que o Senhor poderia dispensar ao Seu povo. Como afirmava certo mestre bíblico falecido (mas ainda atuante) líder absoluto de seu grupo "atingimos o ápice da revelação divina".

Quanto mais o homem (e suas idéias) são ouvidas, enfatizadas e defendidas, mais perdemos o foco da nossa visão espiritual, que é o próprio Cristo ressuscitado e mais nos afastamos do Seu fluir. Se precisamos ir a uma conferência para poder saber o que o Senhor quer para a nossa vida e para a igreja onde me congrego, significa que muito provavelmente não estou conseguindo mais ouvir diretamente a suave voz do meu Senhor. Quanto mais um líder se destaca, mais os seus seguidores passam a adorá-lo e, lentamente, perdem o foco na pessoa de Cristo. Não importa o quão experiente, constituído e maduro uma pessoa julga ser, a atração pela liderança humana é algo que está profundamente arraigado em nosso coração. Se essa liderança é revestida de uma capa de espiritualidade e se torna porta-voz de muitas "revelações" espirituais, é quase impossível resistir.

O apóstolo João, em sua maturidade, foi muito exposto, iluminado e por fim liberto em relação ao problema do seu próprio nome. Após receber maravilhosas revelações de um anjo, em seu primeiro escrito (João escreveu, nessa ordem, primeiro, Apocalipse, depois seu evangelho, e por fim as três epístolas)  João, em sua maturidade, cometeu um erro infantil: ajoelhou-se aos pés do anjo para adorá-lo (Ap 19:10, 22:8-9). João sentiu na carne quão poderoso é o efeito da revelação sobre a alma humana e quão intensa é a admiração do instrumento (mensageiro) utilizado para divulgá-la. Depois dessa forte e vergonhosa experiência, o nome de João, seu ego e seu eu, foram completamente removidos dos seus escritos. João é um belo exemplo de um líder sem nome, um apóstolo-presbítero que, após a dura lição aprendida aos pés do anjo, verdadeiramente negou a si mesmo passando a referir a sua pessoa como "o discípulo amado", "aquele a quem jesus amava", "o ancião" etc.
Assim como João, todos nós (principalmente os que lideram) precisamos, aos pés da cruz de Cristo, aprender a VERDADEIRA lição de negar a nós mesmos. A parte mais profunda do nosso corrompido ser é o nosso ego. Nosso nome é a nossa identificação, a expressão mais íntima e pessoal desse ego. Negar a mim mesmo é negar o meu nome. Se isso não ocorrer o meu velho homem, totalmente corrompido e caído, ainda atuará por detrás do véu do meu nome. Quanto maior a exposição de nomes na igreja, maior será a exposição de homens e maior será a degradação e por fim a divisão. A divisão inicialmente ocorre em nosso coração, quando outro nome disputa lugar com o nome do Senhor, mesmo que a pessoa afirme estar usando seu próprio nome para divulgar o nome de Jesus. Quanto mais intensamente isso ocorrer, mais intensamente o nome e a pessoa do Senhor serão ofuscados. O corpo será ofuscado, o candelabro perderá o brilho até se apagar.

Na proporção em que nos afastamos do rio do Espírito o brilho, a glória e o Senhorio de Deus vão abandonando o grupo sendo lenta e progressivamente substituídos pela  sistematização, tradição e formatação. Por fim, tais coisas minam a suficiência do governo do Espírito Santo de Deus e conquistam a confiança e o coração do crente assumindo a direção e o controle de sua vida espiritual. A espontaneidade da vida é substituída por planos de ação e projetos e a revelação divina é substituída por sonhos, idéias e pensamentos. W. Lee disse certa vez: “Não digam como se isso fosse um mero refrão: ‘Estou seguindo o fluir’. O verdadeiro fluir é o próprio Senhor. Quão errado é agitar um movimento! Isso é um insulto ao Senhor. É uma ofensa a Ele. Nunca deve haver um movimento entre nós na restauração do Senhor. Não usem a palavra ‘fluir’ como uma capa para disfarçar um movimento. Quando alguns de vocês falam do fluir, na verdade vocês querem dizer um movimento. Criar um movimento e então encorajar outros a segui-lo é cometer um tremendo engano.” (O Espírito e o Corpo, pg 9, 1977).

Os que ainda estiverem sensíveis à presença e ao fluir do Espírito Santo percebem que algo errado está acontecendo e seguem o Cordeiro aonde quer que Ele for. Todavia, os que permanecem no sistema tornam-se cada vez mais dependentes do mesmo.  Irmãos maduros e fiéis passam a defender cada vez mais ferrenhamente o sistema que sustenta (o vazio de) suas almas. O coração do crente, desviado do fluir da vida, fica tão dependente do sistema e da liderança que não suporta qualquer mudança ou crítica aos mesmos.

Por isso, a simples exposição e crítica à lastimável situação do cristianismo institucionalizado não é suficiente. Precisamos orar sinceramente para que todos nós e as lideranças (tais como Nee, Lee, Dong, Hélcio, Valdomiro, Malafaia, RR Soares, Edir Macedo etc) sejam colocados e mantidos aos pés da cruz e guardados sob a cruz de Cristo. Esta é a ordem estabelecida pelo Senhor (Mt 23:8-12, 1 Co 4:6-14). Temos esperança que agindo assim daremos um grande passo para desfrutar o ministério plural e a multiforme sabedoria e riqueza espiritual que o Senhor dispensa ao Seu maravilhoso corpo, no fluir do Espírito em Cristo Jesus.


Em Amor, Antipas.

Apenas nos posicionamos em favor do Corpo


Apegado à palavra fiel, que é segundo o ensinamento dos apóstolos, para que seja capaz de exortar com o ensinamento saudável e de convencer os que se opõem. (Tito 1:9)



Como, então, ... [a] unidade deve ser preservada? Se incrédulos fossem aceitos na igreja em Foochow, ela deixaria de ser a igreja.Teríamos de chamá-la de seita e abandoná-la. Suponha que algumas igrejas são compostas inteiramente de crentes, mesmo assim ainda existisse o elemento de sectarismo nelas. Também devemos deixar tais grupos. Em seguida, há os que unem várias organizações para se tornarem grandes afiliações ecumênicas. Isso também é a obra da carne, e devemos deixá-las da mesma forma.

A Necessidade de se Posicionar na Condição
do Corpo de Cristo

Se quisermos ter a igreja em Foochow hoje, deve-se ter uma fronteira tão grande quanto o Corpo de Cristo. Se os outros gostam ou não disso, é problema deles. Se os outros tomarão ou não esse caminho, é decisão que cabe a eles. Mas aqueles que querem tomar esse caminho devem ser fieis em se posicionar; eles não devem ser sectários. Não devem permitir, deliberadamente, nenhum incrédulo em seu meio, e não devem substituir o Corpo por empreendimentos ecumênicos. Esse é o princípio básico.Devemos nos posicionar na base do Corpo de Cristo. O Corpo de Cristo determina as fronteiras para a igreja. Esse é o nosso caminho hoje. Esse é o único caminho para os filhos de Deus tomarem em cada localidade.

Temos de ter clareza sobre a posição que devemos tomar. Não podemos ser sectários nem divisivos. Não ... podemos substituir o Corpo de Cristo por empreendimentos ecumênicos. Empreendimentos ecumênicos falam da operação de luz, mas carecem da força para obedecer essa luz; dizem-nos que há o conhecimento da vontade de Deus, mas relutam em preservar essa vontade; há revelação de Deus, mas fracassam em realizá-la. Não é nada mais que um meio-termo.

Deus nos estabeleceu em outra posição, a posição para todos os filhos de Deus cumprirem. Mas os outros não virão até nós. Não estamos dizendo que os outros devem reconhecer o que dizemos que somos. Estamos apenas dizendo que nos posicionamos em favor do Corpo de Cristo.

(Collected Works of Watchman Nee, The (Set 3) Vol. 50: Messages for Building Up New Believers (3), Capítulo 12, Seção 10)